segunda-feira, 13 de maio de 2024
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Gaza: primeira semana de repatriados é dividida entre alívio e ameaças

Após fugir da guerra e recomeçar em solo brasileiro, repatriados tiveram que lidar com mensagens de ódio e ameaças nas redes sociais

A última semana vai ser lembrada como um momento de alívio para o grupo de 32 pessoas que deixou a Faixa de Gaza em busca de segurança e recomeço em solo brasileiro. Após mais de um mês presa na zona de conflito entre Israel e o Hamas, a turma desembarcou do avião da Força Aérea Brasileira (FAB) na noite de segunda-feira (13/11) e foi recepcionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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Na chegada, os discursos expressavam o sentimento de esperança após mais de um mês vivendo sob ameaça da guerra, que já deixou mais de 12 mil mortos somando as perdas dos dois lados.

“A gente pensou que ia morrer sem ninguém saber da gente, que não íamos conseguir sair de lá. Mas, graças ao governo, embaixada e todos, estamos aqui. Agradeço a todos. Obrigado, Brasil”, disse a jovem Mel, de 18 anos.

O grupo de resgatados tem 22 brasileiros de nascimento, sete palestinos naturalizados brasileiros e três palestinos familiares próximos. São, ao todo, 17 são crianças, nove mulheres e seis homens.

Acolhimento
Nos dias seguintes, o governo montou uma força-tarefa com ações coordenadas pela Secretaria Nacional de Justiça para o acolhimento dos repatriados. A equipe multiministerial prestou serviços em saúde, como a atualização de vacinas, exames, consultas e o auxílio de assistentes sociais e psicólogos; regularização do processo imigração, emissão de documentos e inscrição em programas sociais.

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O secretário Nacional de Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Augusto de Arruda Botelho, descreveu o primeiro dia da chegada dos repatriados como um “momento de escuta”.

“Esse grupo passou por momentos extremamente difíceis, numa zona de guerra, tem traumas que precisam ser superados”, afirmou.

De acordo com o Ministério da Saúde, o atendimento aos resgatados levou em consideração as diferenças culturais e de gênero entre os países. Por exemplo, homens só eram atendidos por psicólogos do sexo masculino e mulheres, por psicólogas. A equipe também era composta por uma antropóloga, um psicólogo de origem síria e especialistas em atendimento a desastres.

Imagem colorida da Saída dos repatriados da Faixa de Gaza para São Paulo - Metrópoles

Por parte do Ministério do Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome (MDS), foram feitos atendimentos para incluir as famílias na Rede de Serviços Socioassistenciais para que tenham acesso a programas sociais, como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC).

A pasta também foi responsável pelo encaminhamento de parte do grupo para abrigos. Um total de 14 pessoas, divididas em cinco famílias, foram levadas a uma instituição no interior de São Paulo.

No local, eles terão acesso a alimentação, cursos de português, atividades socioeducativas e acompanhamento psicossocial.

O restante do grupo permanecerá na casa de parentes em quatro cidades: quatro em Brasília (DF), dois em Florianópolis (SC), duas em Novo Hamburgo (RS) e uma em Cuiabá (MT).

A operação Voltando em Paz, da FAB, já havia realizado nove voos, resgatando 1.445 pessoas e 53 animais de estimação de Israel e da Cisjordânia.

Ameaças
Se por um lado a chegada ao Brasil significou um alívio para a maioria dos repatriados, de outro, foi o início de mais um transtorno para a família do brasileiro naturalizado Hasan Rabee. O homem, que ficou conhecido por compartilhar a rotina da guerra nas redes sociais, foi atacado com mensagens de ódio na web.

Segundo a advogada Talitha Camargo da Fonseca, que representa a família de Hasan, o repatriado recebeu mais de 200 mensagens de ódio no Instagram, além de ser vítima de discursos do mesmo tipo no TikTok e em outras redes sociais.

Os ataques começaram após circular publicações antigas com mensagens contra Israel atribuídas a Rabee. “Não queremos violência, mas acho que este é o momento certo para explodir ônibus em Israel”, dizia a legenda de uma delas, publicada em 2015.

Hasan afirmou que não se lembra de ter feito as postagens. “Pode ser que postei com raiva, mas, 2015, eu não lembro nada”, alegou. As publicações foram apagadas.

Após sofrer ameaças e ataques, a advogada entrou com pedido de proteção ao Estado brasileiro por meio do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH), que é vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, para o repatriado.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública afirmou que vai acionar a Polícia Federal (PF) para investigar as ameaças.

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