Médicos americanos identificaram em crianças com menos de cinco anos diagnosticadas com a Ômicron um sintoma específico que não aparecia nas variantes anteriores do coronavírus. A tosse forte, que soa como um latido, tem preocupado os pais dos pequenos.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a variante causa esse tipo de sintoma porque o vírus se instala na parte superior do trato respiratório. O médico Buddy Creech, especialista em doenças infecciosas pediátricas e diretor do Programa de Pesquisa de Vacinas Vanderbilt, disse à NBC News que “as vias aéreas das crianças são tão estreitas que é preciso muito menos inflamação para obstruí-las”.
Assim, quando as crianças respiram por essas vias inflamadas, é causada uma irritação no local, que provoca uma tosse característica. O som é semelhante ao de um cachorro ou uma foca.
A pediatra Amy Edwards também identificou um aumento nesse tipo de tosse em crianças com Covid-19. Porém, a especialista afirma que o sintoma não é preocupante.
“A tosse forte pode ser assustadora de se ouvir, mas não significa que haja algum problema com os pulmões. O principal tratamento é manter as vias aéreas superiores abertas e desobstruídas até que a inflamação diminua”, esclarece.
Os sintomas da Ômicron em crianças não são tão bem relatados até o momento, mas entre os principais sinais observados estão:
Febre;
Crise de tosse contínua;
Perda ou mudança no sentido do olfato ou paladar;
Fadiga;
Congestão ou nariz escorrendo;
Dor de cabeça;
Dor de garganta;
Perda de apetite;
Dores no corpo.
A decisão do Ministério da Saúde de prolongar o intervalo das doses da imunizante contraria a orientação da Anvisa, que defende uma pausa de três semanas entre uma aplicação e outra para crianças de 5 a 11 anos.
A Anvisa aprovou, em 16 de dezembro, a aplicação do imunizante da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos. Para isso, será usada uma versão pediátrica da vacina, denominada Comirnatybaona.
A vacina é específica para crianças e tem concentração diferente da utilizada em adultos. A dose da Comirnaty equivale a um terço da aplicada em pessoas com mais de 12 anos.
Apesar da autorização, o início da vacinação de crianças no Brasil depende da presteza do Ministério da Saúde, uma vez que a pasta é responsável por incluir o público no Programa Nacional de Imunizações (PNI) e adquirir doses especiais. Desde o início da pandemia, 301 crianças entre 5 e 11 anos morreram em decorrência do coronavírus no Brasil.
Isso corresponde a 14,3 mortes por mês, ou uma a cada dois dias. Além disso, segundo dados do Ministério da Saúde, a prevalência da doença no público infantil é significativa. Fora o número de mortes, há milhares de hospitalizações.
De acordo com a Fiocruz, vacinar crianças contra a Covid é necessário para evitar a circulação do vírus em níveis altos, além de assegurar a saúde dos pequenos. Contudo, o posicionamento da Anvisa tem causado embate no país. Desde o aval para a aplicação da vacina em crianças, a agência reguladora vem sofrendo críticas de Bolsonaro, de seus apoiadores e de grupos antivacina.
Para discutir a aplicação da vacina em crianças, o Ministério da Saúde abriu consulta pública e anunciou que a imunização terá início em 14 de janeiro. Além disso, a apresentação de prescrição médica não será obrigatória.
Inicialmente, a intenção do governo era de exigir prescrição. No entanto, após a audiência pública realizada com médicos e pesquisadores, o ministério decidiu recuar.
De acordo com a pasta, o imunizante usado será o da farmacêutica Pfizer e o intervalo sugerido entre cada dose será de 8 semanas. Caso o menor não esteja acompanhado dos pais, ele deverá apresentar termo por escrito assinado pelo responsável.
Além disso, apesar de não ser necessária a prescrição médica para vacinação, o governo federal recomenda que os pais procurem um profissional da saúde antes de levar os filhos para tomar a vacina.
Segundo dados da Pfizer, aproximadamente 7% das crianças que tomaram dose do imunizante apresentaram alguma reação, mas em apenas 3,5% delas esses eventos adversos tinham relação com a vacina. Nenhum deles foi grave.
Países como Israel, Chile, Canadá, Colômbia, Reino Unido, Argentina, Cuba, e a própria União Europeia, por exemplo, são alguns dos locais que autorizaram a vacinação contra a Covid-19 em crianças. Nos Estados Unidos, cerca de 5 milhões de doses já foram administradas no público de 5 a 11 anos.
Estudos no Reino Unido mostram que a Ômicron é mais leve do que outras cepas, com o risco de hospitalização 50% a 70% menor do que com Delta. As variantes anteriores do vírus penetram mais profundamente nos pulmões, razão pela qual causariam um agravamento da doença.