A noite de Natal costuma ser marcada por uma mesa farta, com diferentes opções de pratos típicos e bebidas. Não é de se surpreender que, ao final da ceia, nos sentimos estufados. Mas em alguns casos, o desconforto a mais deve ser observado com atenção porque pode ser um sinal de câncer de intestino.
O câncer colorretal é uma doença tratável e curável na maioria dos casos, quando detectado precocemente. Contudo, os sintomas da doença podem ser inespecíficos e confundidos com outras condições, como hemorroidas, síndrome do intestino irritável ou até alterações causadas pela alimentação.
“Isso pode dificultar a identificação precoce. Muitos pacientes não apresentam sintomas nas fases iniciais, e quando surgem, eles podem ser sutis ou facilmente atribuídos a outros problemas gastrointestinais”, afirma o médico Fernando Vidigal de Pádua, diretor regional da Dasa Oncologia Brasília.
Segundo Pádua, alguns sinais e sintomas podem ser mais perceptíveis nesse período devido à mudança nos hábitos alimentares e na rotina.
“Durante as festas, é comum atribuir sintomas a fatores temporários, como excessos alimentares, estresse ou mudanças na rotina. Isso pode atrasar o diagnóstico de doenças graves, incluindo o câncer de intestino”, destaca o médico.
As pessoas devem ficar atentas a sintomas como:
Muitas idas ao banheiro
O aumento na frequência de idas ao banheiro para evacuações ou a sensação de urgência podem ser confundidas com algo relacionado à dieta mas, se persistirem, devem ser avaliadas.
Fadiga inexplicável
O cansaço extremo ou fadiga pode acabar sendo associado ao excesso de atividades ou alimentação. No entanto, o oncologista Pádua destaca que o sintoma merece atenção, especialmente se estiver acompanhado de outros sinais.
Barriga inchada por muito tempo
O inchaço abdominal além do esperado após as ceias pode ser um sintoma relevante se durar mais do que alguns dias.
“O desconforto ou dor abdominal podem ser facilmente confundidos com condições gastrointestinais menos preocupantes, fazendo com que os pacientes usem medicações analgésicas e não procurem atendimento”, diz a oncologista Taiana Coelho Pedreira, do Hospital Brasília Águas Claras.
Sangue nas fezes
Qualquer presença de sangue nas fezes, mesmo que atribuída ao esforço ou hemorroidas, deve ser investigada.
A oncologista Ludmila Thomenn, do Hospital Brasília, destaca que, de forma geral, com as festas de final de ano podem ocorrer excessos alimentares e mudanças de dieta. “No entanto, uma dor abdominal que fica contínua, diarreia ou intestino preso e alteração das fezes persistentes devem ser um alerta”, aponta.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), a estimativa é de que o problema tenha provocado o óbito de cerca de 20 mil pessoas no Brasil apenas em 2019
O mês de março é dedicado à divulgação de informações sobre a doença. Se detectado precocemente, o câncer de intestino é tratável e o paciente pode ser curado
Os principais fatores relacionados ao maior risco de desenvolver câncer do intestino são: idade igual ou acima de 50 anos, excesso de peso corporal e alimentação pobre em frutas, vegetais e fibras.
Doenças inflamatórias do intestino, como retocolite ulcerativa crônica e doença de Crohn, também aumentam o risco de câncer do intestino, bem como doenças hereditárias, como polipose adenomatosa familiar (FAP) e câncer colorretal hereditário sem polipose (HNPCC).
Sintomas gerais do câncer de intestino
Em regra, os principais sinais e sintomas da doença incluem:
Alterações no hábito intestinal: diarreia, constipação ou sensação de evacuação incompleta que persiste por semanas.
Sangue nas fezes: pode ser vermelho vivo ou oculto — percebido apenas em exames.
Dor abdominal: cólicas ou desconforto persistente.
Inchaço abdominal ou gases excessivos.
Perda de peso inexplicável.
Fadiga intensa: relacionada à anemia, que pode ser causada por sangramento oculto.
Fezes mais estreitas ou com alteração no formato.
Procure um médico para investigar o caso
A importância de buscar atendimento médico ao apresentar esses sintomas é crucial, mesmo que eles ocorram no período de festas. Taiana ressalta que o atraso no diagnóstico pode impactar negativamente o quadro.
“A avaliação médica pode ajudar a diferenciar entre sintomas benignos e aqueles que podem indicar malignidade. Portanto, mesmo durante períodos do final de ano e férias, é essencial manter a vigilância sobre sintomas persistentes ou incomuns e considerar atendimento médico”, pondera a médica.