‘Uma ferida aberta e sangrando’, diz mãe de Laryssa um ano após assassinato da adolescente em RO

Há um ano, Laryssa Victoria saía de casa com as amigas em Ouro Preto do Oeste (RO). Mas o que deveria ser uma noite de diversão acabou em tragédia e se tornou em um pesadelo para a família. A adolescente de 17 anos desapareceu e foi achada somente dois dias depois, morta e enterrada no quintal da casa de Ronaldo dos Santos Lira, um assistente social da cidade e réu pelo crime.

“O sentimento da gente, todos os dias, é o mesmo: de perda. É uma ferida que não sara, fica o tempo todo aberta e sangrando”, comenta Luciana Alves, mãe de Laryssa.
O julgamento do caso Laryssa está marcado para o dia 25 de abril, no Fórum Desembargador Cássio Rodolfo Sbarzi Guedes, em Ouro Preto do Oeste (RO).

Ronaldo será julgado por feminicídio, estupro, fraude processual qualificada e ocultação de cadáver.

Dor que não passa…
Enquanto o julgamento não chega, a família espera por Justiça e tenta diluir a dor e a ausência de Laryssa. O pai de Laryssa diz ter sempre a sensação que ela vai entrar em casa, de surpresa.

“Parece que a qualquer momento eu vou acordar com a voz dela dizendo: ‘bom dia, o senhor dormiu bem?’ Eu procuro sempre olhar o quarto dela que ainda está do mesmo jeito, não mudei nada. Tem dias que eu escuto batendo no quarto, corro e abro a porta, aí vêm a decepção”, comenta o pai, Carlos Aparecido Rossato.

Para tentar reconfortar a dor, a mãe de Laryssa guarda objetos que eram da rotina da filha.

“Eu tenho um bichinho que eu até durmo com ele todos os dias. Quando eu comprei pra ela, ela falou assim: ‘mãe, você compra um pra você’. Ela está em tudo: o cheiro, as coisas dela que eu tenho, a minha bolsa foi ela que me deu. A gente não esquece nada”, diz Luciana.

Além de Laryssa, Luciana tem três filhas. Uma delas é autista e sofre muito com a saudade da irmã. Mãe e filha fazem acompanhamento psicológico e psiquiátrico.

“Nós que temos irmão, a gente sabe que todo mundo escolhe um irmão pra ser seu protetor e tudo. A Laryssa era a melhor amiga dela [da irmã]. Ela não aceita, tem muitas crises por causa disso. Às vezes acorda a noite chorando”, revela.

A família também enfrenta muitas retaliações por conta de tudo que aconteceu. No último ano, a mãe da adolescente chegou a se mudar do estado após receber ameaças. E esses não são os únicos problemas.

“Tem muitos que me culpam pela morte dela, mas se eu pudesse eu teria ido no lugar dela. Ela tinha o futuro todo pela frente”, revelou o pai, Carlos.

Entenda o caso
O corpo de Laryssa Victória, de 17 anos, foi encontrado no dia 20 de março de 2022 em uma cova no quintal da casa de Ronaldo dos Santos Lira, que é assistente social e conhecido no meio político em Ouro Preto, segundo a polícia. Ele foi preso em flagrante.

A suspeita é que Ronaldo matou a vítima usando um objeto perfurocortante e depois a enterrou na cova. O delegado Niki Locatelli, responsável pelas investigações iniciais, afirmou ainda no ano passado ter encontrado possíveis vestígios de alterações na cena do crime.

Imagens de câmeras de monitoramento foram fundamentais para identificar o suspeito e traçar a rota percorrida por ele e Laryssa.

Segundo a Polícia Civil, Ronaldo confessou no interrogatório que matou Laryssa Victória pelo “desejo de matar” que tinha desde a infância. Ele teria usado a bolsa da própria vítima para tentar um estrangulamento, depois a esfaqueou no pescoço e “assistiu ela sangrar”.

O laudo tanatoscópico confirma que Laryssa morreu de “hemorragia externa por instrumento pérfuro-inciso”, ou seja, sangrou até a morte. Ele narrou no interrogatório que enquanto ela morria ele ria de prazer.