Na manhã da última segunda-feira (25), o ex-assessor da Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Semagric), Raildo Sales, foi até o pátio da secretaria para explanar sobre alguns indícios de irregularidades na Semagric.
Raildo relatou que verificou indícios de que algo estava errado e alertou o secretário Gustavo Serbino, da Semagric. Após isso, Raildo foi exonerado do cargo de diretor e nomeado como assessor, para que, segundo ele, não tivesse acesso a determinadas informações. Raildo relatou ainda que havia se metido onde não deveria e alertou o prefeito Hildon Chaves sobre supostas irregularidades na Semagric.
Disse ainda que sozinho não tem condições de fiscalizar sozinho, pois precisa de apuração por parte dos órgãos de controle da prefeitura. Um dos pontos citados por Raildo Sales é referente aos pagamentos feitos às oficinas, porém, os maquinários continuavam quebrados no pátio da Semagric.
Um dos exemplos é a máquina motoniveladora MN14, em que a secretaria pagou quase R$ 8 mil por um radiador novo, sendo que o que está na máquina é um radiador velho. Da mesma forma, foi paga a compra de uma lâmina nova, também para a motoniveladora MN14, mas a lâmina que nela está é antiga.
Apenas no ano de 2021 foram gastos, pela Semagric, cerca de R$ 4 milhões de reais com a manutenção dos maquinários. “foram constatados os pagamentos, mas as peças continuam as velhas”, relatou Raildo Sales.
“Mesmo que prejudique a questão financeira minha e da minha família, eu preferi pedir demissão no momento bem difícil que está esse ano, mas eu não concordo com o que está acontecendo. Eu preferi pedir demissão do que prevaricar”, relatou Raildo Sales.
Questionado sobre o que espera que seja feito, Raildo respondeu: “espero que o prefeito, como prometeu na campanha ser um homem correto, honesto, que apure as evidências, que apure de forma independente. Os servidores estatutários querem trabalhar e não tem máquina, e a população rural quer suas linhas recuperadas”.
O atual secretário assumiu o cargo em março, mas segundo Raildo Sales, as supostas irregularidades já estavam sendo relatadas desde o ano de 2021. “Ele entrou agora como titular, mas ele já era o adjunto, ele era o ordenador de despesas, então não tem como ele falar que não sabia, porque eu alertei ele”, finalizou Raildo.
No outro lado da história, o secretário Gustavo Serbino informou que Raildo tinha cargo de gerência e posteriormente foi para cargo de assessoria administrativa. Enquanto Raildo estava no primeiro cargo, a prefeitura recebeu um currículo, que foi analisado e realizada entrevista com a candidata.
Trata-se de uma advogada, professora universitária há mais de 20 anos com conhecimento de direito administrativo. A gestão entendeu que ela era mais qualificada para o cargo de gerência, sendo assim, Raildo foi transferido para o cargo de assistente.
Enquanto Raildo estava no cargo de assistente, chegou o currículo de um homem com vasta experiência em controle de frota e abastecimento, sendo então selecionado para assumir o cargo. Raildo foi nomeado em cargo de gerência, porém, não aceitou e o servidor ficou uma semana sem aparecer na Semagric e o cargo ficou uma semana na vacância, conforme informou Serbino.
“Em uma sexta-feira foi solicitado que a nomeação dele (Raildo) fosse revogada, e nesta mesma data Raildo apresentou carta requerendo a própria exoneração”, relatou o secretário, que negou ter recebido denúncias de Raildo.
Gustavo Serbino comentou que todo indício de mal feito é apurado e, dependendo da situação, encaminhado aos órgãos de controle ou até mesmo para a polícia para que sejam feitas as devidas averiguações. Referente às denúncias de pagamentos de manutenção, compras de pneus e lubrificantes, serão feitas as devidas apurações.
Conforme relatou o titular da Semagric, a Secretaria Geral de Governo já montou comissão mista, interpastas para fazer o levantamento de toda a frota pesada da prefeitura.
Por parte da Semagric, foi solicitado trabalho conjunto para levantar informações dos últimos 16 meses, com o intuito de verificar as compras de pneus, lubrificantes e gastos com manutenção de maquinário. O prazo para a conclusão desta investigação é de 15 dias.
O secretário comentou ainda que algumas situações ocorrem por desconhecimento de fato, como por exemplo, quando a secretaria adere a uma ata para a compra de pneus, em que a secretaria possa comprar até dois mil pneus, mas não há a obrigatoriedade de comprar os dois mil pneus.
“A gente pode comprar menos, a gente pode comprar 100, pode comprar 10. Um desses caminhões basculantes, que a gente tem mais de 40 na secretaria, usa dez pneus, então 100 pneus para a secretaria não é nada em seis meses”, relatou o secretário.
Finalizando, Gustavo Serbino afirmou que sobre os pagamentos que foram feitos e, supostamente, não houve a troca das peças, será devidamente investigado, e que qualquer indício de mal feito, os órgãos de controle e/ou a polícia tomarão as devidas providências.
Só resta saber se vão ou não apurar tal denúncia!!!