Na tentativa de uma reunião com o presidente russo, Vladimir Putin, o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, admitiu que pode entregar o controle de regiões separatistas, como Donbass e Crimeia, anexada ao território da Rússia em 2014.
Nesta terça-feira (22/3), em entrevista exibida pela TV estatal ucraniana, Zelensky voltou a propor uma conversa com Putin para discutir o fim da guerra.
“Se eu tiver essa oportunidade e a Rússia tiver o desejo, poderemos abordar todas as questões. Resolveríamos tudo lá? Não, mas existe a possibilidade de que possamos ao menos parar parcialmente a guerra”, destacou.
Apesar da sinalização, o presidente ucraniano defendeu que as regiões deveriam ser “devolvidas” à Ucrânia pela Rússia. “Na primeira reunião com o presidente da Rússia, estou pronto para abordar essas questões”, salientou.
Durante a conversa, Zelensky descartou entregar cidades uranianas como Kiev, capital e coração do poder; Kharkiv; e Mariupol. “A Ucrânia não pode aceitar ultimatos da Rússia. Em primeiro lugar, todos nós teremos que ser destruídos, só então seus ultimatos serão respeitados”, concluiu.
Negociações estagnadas
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, disse que a guerra deverá acabar em duas ou três semanas. Segundo o ministro, a Rússia tem poucos suprimentos para continuar a investida militar.
Nesta terça, o porta-voz do governo do Kremlin, sede do governo russo, Dmitri Peskov pediu que as negociações fossem retomadas. “Gostaria que as negociações fossem mais enérgicas, mais substanciais”, destacou o representante de Vladimir Putin.
ONU dá ultimato
Prestes a completar um mês, o conflito no Leste Europeu parece longe do fim. A Organização da Nações Unidas (ONU) deu um ultimato para o fim da guerra e frisou que as negociações — que, nos últimos dias, estão estagnadas — devem continuar.
Nesta terça-feira, em entrevista a repórteres de agências internacionais de notícias, o secretário-geral da ONU, António Guterres, cobrou categoricamente o fim da guerra na Ucrânia.
“Esta guerra não é vencível. Mais cedo ou mais tarde, terá de passar dos campos de batalha para a mesa de paz. Isso é inevitável. A única questão é quantas vidas mais devem ser perdidas? Quantas bombas mais devem cair?”, alertou.