Porto Velho, RO – O prefeito Hildon Chaves, do PSDB, em seu segundo mandato consecutivo, já pode ser considerado político experiente. Por isso, claro, seu pronunciamento após as incursões policiais que desbarataram o suposto “golpe” da vacina, repercutindo negativamente em Porto Velho, município gerido pelo tucano, é, acima de qualquer coisa, uma tentativa de amenizar os ânimos da opinião pública.
De repente seja até possível apaziguar o íntimo de muita gente, entretanto, por outro lado, a despeito de não haver prejuízos de ordem financeira, já que o dinheiro da negociação ficou protegido sob tutela do Banco do Brasil, existem, sim, perdas psicoemocionais às pessoas.
Depois do anúncio oficial relacionado à compra das 400 mil doses do imunizante AstraZeneca/Oxford, isto no dia 1º de abril, eixo da sociedade sentiu ali, finalmente, o alívio de estar diante do provável início do fim desse calvário que se arrasta sobre a humanidade.
Então, quando Chaves roga à questão sanitária e ao lado emocional trazido pelo novo-velho Coronavírus (COVID-19/SARS-CoV-2), em sua visão, claro, talvez seja possível aplacar as sequelas da situação, pois, não há dúvidas, ao menos na compreensão deste jornalístico online, de que a transação ocorreu com a mais absoluta boa-fé por parte do mandatário do Palácio Tancredo Neves.
Lado outro, o chefe do Executivo municipal não pode – nem deve esperar –, que seus adversários políticos tenham a mesma complacência. Apesar do esforço de sua equipe em pavimentar e recrudescer nas redes sociais o argumento humanitário ao maior estilo “é melhor falhar arriscando do que nem tentar”, 2022 é o pano de fundo de todos os atos administrativos – especialmente na pandemia.
A crítica é necessária e compõe o ônus da atividade escolhida. Quem segura as rédeas não vive só de beijo, abraço e fungada no cangote. Aliás, o eco do povo é imprescindível à manutenção da democracia, oxigenando a Administração Pública.
Antes de ser prefeito e até mesmo empresário, o peessedebista atuou como membro do Ministério Público (MP/RO) oficiando inclusive no setor de Saúde. Quando candidato, tanto na primeira incursão quanto na segunda, lançou mão de retóricas recheadas de frases de efeito como o famosíssimo “reconheço um bandido com dois minutos de conversa”.
A tática rendeu louros à época, e o mantém com o espectro de bom orador, porém, cinco anos depois, o “fantasma” de suas próprias palavras vem com força total na intenção exclusiva de lhe assombrar na contemporaneidade.
Porque o que é dito na Internet ecoa pela eternidade e não está mais restrito à fatia específica da história. Imaginar que oponentes não irão explorar isso até cansarem os dedos é burrice aguda ou ingenuidade patológica.
Em suma, enquanto Hildon “segura a bucha”, o governador Coronel Marcos Rocha, sem partido, aproveita o resvalo do seu potencial concorrente eletivo do ano que vem. Ele tuitou o seguinte no dia 23 de abril:
“[…] Como sempre, manteremos a população atualizada com transparência, sem fantasias e promessas […]”.
O trecho final é uma “alfinetada” subjetiva, e faz parte do cotidiano nas lutas internas e externas pelo Poder.
As próximas eleições já são as eleições de agora, afinal.
Fair play? Só no futebol.
Fonte: Rondôniadinâmica