Nos bastidores de uma crise silenciosa, uma nova engrenagem começa a ser revelada: empresas que prestaram serviços ao poder público, e que agora veem seus fluxos de caixa comprometidos com a adoção de medidas rígidas de governança, estariam financiando veículos de comunicação para criar um cenário de instabilidade institucional. O objetivo? Construir uma cortina de fumaça para abafar um problema muito mais grave: o rombo herdado de gestões passadas e a necessidade urgente de responsabilização.
O caso mais recente envolve o Instituto de Previdência e Assistência Municipal (IPAM), que, sob nova direção, iniciou um processo de contra-auditoria e reestruturação interna. Segundo a nova gestão, o passivo acumulado de cerca de R$ 100 milhões foi fruto da ausência de controle, transparência e previsibilidade fiscal por parte da administração anterior — que, além de não auditar os serviços prestados, tampouco previu os recursos necessários para quitá-los no orçamento de 2025.
Em resposta à adoção de critérios rigorosos para a verificação e pagamento de dívidas, inclusive com publicação de portarias que organizam a ordem de quitação (como as de nº 224 e 225/2025), uma onda de matérias e denúncias começou a circular em alguns veículos de comunicação locais, com acusações infundadas de “calote” e ameaças de paralisação dos serviços.
Entretanto, os documentos oficiais mostram outra realidade:
A gestão atual do IPAM está implementando um modelo de compliance administrativo.
A contra-auditoria contratada visa identificar inconsistências em faturas e serviços não validados — ou até superfaturados.
E, mais grave, empresas que não são sequer credenciadas ao IPAM, como a citada “Sou Luz”, estão publicando comunicados e ameaças de suspensão de atendimento que, na prática, não têm respaldo jurídico ou contratual.
A suspeita que paira é de que algumas dessas empresas, acostumadas com a falta de fiscalização do passado, agora tentam minar a credibilidade institucional para pressionar o retorno ao modelo anterior — sem controle, sem auditoria, e com pagamentos fora de qualquer ordem legal.
A cortina de fumaça como arma estratégica
A estratégia dos fornecedores afetados pela nova política de governança é clara: em vez de questionar a origem da dívida bilionária, passaram a atacar exclusivamente a atual gestão, mesmo diante de evidências públicas de que a nova administração está, pela primeira vez, enfrentando o problema com transparência.
O modelo é antigo, mas eficaz: cria-se instabilidade política e emocional nos gestores, plantando dúvidas nos assegurados e trabalhadores do setor, enquanto os reais responsáveis pela crise seguem ocultos.
Governança contra o sistema
O IPAM esclareceu que segue cumprindo rigorosamente os pagamentos referentes a 2025, e que os débitos passados só serão pagos após validação técnica. Isso, naturalmente, desagrada empresas que antes navegavam na escuridão da informalidade administrativa.
Mais que uma disputa contábil, trata-se de uma batalha entre um novo modelo de administração pública — baseado em governança e transparência — e um antigo sistema que se beneficiava da ausência de controle para lucrar sem prestação de contas.
A pergunta que fica é: quem está com medo da verdade?
Ao que tudo indica, não é o IPAM que tenta esconder alguma coisa. Pelo contrário: os que mais gritam, curiosamente, são os que agora precisam prestar contas.
Adicionalmente, o IPAM esclareceu que a empresa intitulada “Sou Luz”, que veiculou informações acerca de eventual suspensão de serviços, não possui credenciamento vigente junto ao Instituto, tampouco mantém qualquer vínculo contratual ou jurídico com esta autarquia.