A capital de Rondônia, Porto Velho, enfrentou mais um dia de extrema poluição atmosférica nesta quarta-feira (14), liderando o ranking das cidades com a pior qualidade do ar no Brasil, conforme dados da empresa suíça IQAir, especializada em monitoramento da poluição global. Desde as primeiras horas da manhã, uma densa nuvem de fumaça cobriu a cidade, comprometendo gravemente a saúde pública.
O Índice de Qualidade do Ar (IQA) registrado atingiu 557, um valor classificado como “perigoso”, o mais alto e preocupante nível na escala da IQAir. A classificação varia de “Bom” a “Perigoso”, indicando o grau de poluição e seus riscos à saúde. Em comparação, no início de agosto, Porto Velho já havia registrado altos níveis de poluição, com um IQA de 272, mas o índice atual mais que dobrou, refletindo uma situação ainda mais alarmante.
Imagens de satélite revelam que Rondônia está no epicentro dos focos de queimadas, com o estado registrando quase 3 mil incêndios apenas nos primeiros dez dias de agosto, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A combinação de queimadas, desmatamento e avanço das pastagens no sul do Amazonas contribui significativamente para o aumento da poluição na capital.
A qualidade do ar está sendo prejudicada principalmente pela alta concentração de partículas PM2,5, inaláveis e ultrafinas, que são extremamente nocivas à saúde. Em Porto Velho, a presença dessas partículas é 40,8 vezes maior do que o limite anual recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse poluente resulta principalmente da queima de biomassa e combustíveis fósseis, ambos exacerbados pela atual temporada de queimadas.
A situação é agravada pelo cenário de seca severa, com a umidade relativa do ar na capital registrada em apenas 23%, menos da metade do nível ideal, que varia entre 50% e 60%, segundo o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam).
Impactos na saúde
A deterioração da qualidade do ar tem sérias implicações para a saúde dos moradores de Porto Velho. A pneumologista Ana Carolina alerta que a combinação de ar seco e alta concentração de partículas finas (PM2,5) pode desencadear ou agravar uma série de doenças respiratórias, incluindo asma, bronquite alérgica, pneumonia e tuberculose. Grupos mais vulneráveis, como crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas respiratórias, estão particularmente em risco.
Além disso, o aumento de doenças infectocontagiosas, como viroses e gripes, também é esperado devido à qualidade do ar comprometida.
Dicas para enfrentar o tempo seco
Diante desse cenário, especialistas recomendam que a população adote medidas para mitigar os efeitos da poluição e do tempo seco:
- Ingerir bastante água (cerca de dois litros por dia) para manter a hidratação dos órgãos e mucosas;
- Umidificar o ambiente interno, utilizando bacias com água ou toalhas umedecidas;
- Lavar os olhos com soro fisiológico ou colírio de lágrima artificial;
- Manter a casa limpa para evitar o acúmulo de poeira;
- Evitar atividades físicas ao ar livre entre 11h e 17h, quando a poluição tende a ser mais intensa;
- Proteger-se do sol e evitar o ressecamento da pele e mucosas.
Com as queimadas em Rondônia e regiões vizinhas atingindo níveis alarmantes, é essencial que a população se mantenha informada e tome todas as precauções necessárias para proteger sua saúde.