sábado, 23 de agosto de 2025
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Medo e fuga: mulher carregou marido idoso por 12km para deixar Ucrânia

O aposentado Oleksandr Krasun, de 73 anos, e a professora de piano Alla Krasun, de 62 anos, estão entre os 600 mil ucranianos que já deixaram o país desde o início da invasão russa, na última quinta-feira (24/2). Ao Metrópoles, o casal relatou os momentos de medo e pânico que viveram até atravessarem a fronteira.

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Oleksandr e Alla moravam em Truskavets, cidade no oeste da Ucrânia, e fugiram com apenas duas mochilas, no meio da noite, para escapar dos russos.

“Recebemos uma ligação por volta das 5h de parentes nos Estados Unidos dizendo que a invasão da Rússia havia começado e tanques vindo de Belarus estavam entrando na Ucrânia. Em duas horas, vimos três aviões militares sobrevoando nossa casa e escutamos uma grande explosão”, conta Oleksandr.

Eles relatam que tentaram por horas conseguir um táxi, e, quando finalmente conseguiram, o trânsito estava completamente parado. Foram três horas para cobrir uma distância de 8 km, mas a fronteira ainda estava a 12 km quando tiveram que deixar o carro e completar o caminho a pé. Além da idade avançada, no entanto, Oleksandr tem uma hérnia inflamada e problema no quadril.

“Meu pai não conseguia andar. Minha mãe estava literalmente carregando ele. Eles não tinham comida, água, banheiro. Levou cerca de 23 horas para chegarem à fronteira. Meu pai caiu diversas vezes e minha mãe machucou o joelho”, diz Anton Krasun, filho do casal.

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Com grande dificuldade, Oleksandr e Alla conseguiram chegar até a fronteira. Lá, eles contam que a recepção e a hospitalidade trouxeram conforto em meio a tanto pânico, e que tudo estava organizado – desde transporte e comida até suporte legal.

De lá, o casal pegou um táxi até Varsóvia, capital do país, e seguiram de avião até Dublin, na Irlanda, onde mora o filho.

“Sentimos saudade de casa e nunca quisemos deixar a Ucrânia. Minha mãe é apaixonada pela música e pelo seu emprego. Ela quer muito voltar, mas essa possibilidade não existe em um futuro próximo”, explica Anton.

Sem planos para voltar para casa tão cedo, Oleksandr e Alla acompanham a guerra de longe e o sentimento de impotência predomina.

“Nos sentimos sozinhos. Finalmente, a União Europeia nos deu armas. Mas o que precisamos é que a Otan decrete que aviões não podem voar pela Ucrânia. Não queremos nossas cidades bombardeadas e nossas crianças mortas. Acreditamos que possamos vencer na terra. Só pedimos que nosso céu esteja seguro.”

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